(Mensagem ministrada na 18ª Conferência de Aniversário da Mocidade Batista Regular Monte Sião - MIBREMS, Manaus-AM, no período de 25 a 27 de novembro de 2011.)
Conta-se a história de um monge que tinha o
hábito de explodir em acessos de fúria e culpar seus companheiros quando as
coisas davam errado. Decidiu afastar-se da causa de seus problemas e foi para
um mosteiro do deserto, onde praticamente não tinha contato com outros seres
humanos.
Certa manhã, após instalar-se em sua nova morada, esbarrou acidentalmente no
cântaro de água e lhe derramou o conteúdo. Ficou enfurecido, mas não havia
ninguém por perto a quem culpar. Encheu novamente o cântaro. Pouco tempo
depois, o mesmo fato se repetiu. Num ímpeto de ira, arremessou o cântaro ao
chão, fazendo-o em pedacinhos.
Depois de acalmar-se, começou a refletir e chegou à conclusão de que seu mau
humor era problema dele mesmo, e não dos outros.
NOSSO MAIOR INIMIGO
Tiago 4.1-10
Este texto nos mostra o ritmo de vida
que leva a uma colisão desastrosa com Deus; que dificulta nossa vida.
Neste
texto o Senhor nos chama a atenção - nos puxa a orelha - mostrando a
incoerência de nosso viver, quando somos negligentes em nosso proceder; porém
clamamos por bênçãos que satisfaçam nossas necessidades.
É como
se ele nos dissesse: “Ei, você está indo
para o lado errado! Se você continuar
nesta direção entrará em choque comigo. É bom você andar comigo e não contra
mim”.
Observemos o que Deus nos fala, através
de Tiago:
I. A identificação do problema: O prazer
invejoso (1-2):
A. A origem dos problemas (1):
A intenção do autor ao usar a expressão “guerras e
contendas” é bem mais abrangente do que normalmente imaginam. Tiago tinha em
mente, conforme toda a sua carta, a ideia de qualquer resultado negativo e
depreciativo de relacionamentos movidos por desejos carnais. Ele parece estar
mais incomodado com o espírito de inveja e amargura.
O que é interessante notar é que estes
sentimentos são primeiramente solitários, chegando-se depois aos outros,
como consequência de uma turbulência interna. A pessoa invejosa, amargurada,
orgulhosa, possui na realidade um problema dentro dela, que é manifestado nos
relacionamentos.
Qual é a fonte de tudo isso? A
resposta: “os prazeres que militam na vossa carne”. O termo “prazeres” sempre
quando usado nas Escrituras traz conotação negativa de prazeres pecaminosos e
autoindulgentes. A vanglória, a cobiça, a sede de honra, a rivalidade, a
malícia, a voracidade - dentro de nós há prazeres que nos afastam de Deus. E
isto nem sempre vem do inimigo.
B.
O ritmo imprimido pelos prazeres para alcançarmos nossos objetivos (2):
Se lermos, cuidadosamente, este
versículo, perceberemos que ele nos apresenta um processo:
1. “Cobiçais” - e não conseguimos o que
cobiçamos;
2. Como consequência, “matais e
invejais” - em muitos casos a morte física é o resultado natural deste processo.
Mas, Tiago, provavelmente, tem em mente não só este tipo de morte (1 Jo.
3.14-15). E mesmo matando e invejando, nada podemos obter.
3. O passo final, como num momento de
desespero, “viveis a lutar e a fazer guerras” - tudo isto porque temos desejos
frustrados de querer mais do que temos; de cobiçar aquilo que é dos outros; de
nunca nos contentarmos com o que o Senhor nos dá. E a resposta continua a
mesma: Nada tendes.
II. O resultado do problema: A incoerência
egoísta (2b-6):
A. “Nada tendes, porque não pedis” (2b):
Seguindo a leitura do texto, temos a
cena: vejo Tiago escrevendo: “nada tendes, porque não pedis”, e então nos
parece que ele se lembra de alguma coisa e escreve: “Ah! Pedis sim, mas não
recebeis” (3). Por quê?
A razão que apresenta é que o pedido é
feito de modo errado, com motivos egoístas. O erro não está nas palavras
usadas, não está na hora em que se ora, muito menos se o fazemos de joelhos, em
pé, assentados, deitados, etc... mas
sim, no que está em nosso coração.
Jesus Cristo havia prometido atender
nossas petições (Mt. 7.7ss), mas ele tinha em mente aqueles pedidos que
se concentrassem no nome, no reino e na vontade de Deus (Mt. 6.9ss); e
não foi por acaso que um pouco adiante em seu sermão do monte ele afirmara (Mt.
6.31-33).
“Pedis e não recebeis, porque pedis
mal, para esbanjardes em vossos prazeres”. Isto é, o pedido está distante da
vontade do Senhor para nossa vida. O pedido tem a própria pessoa como alvo
principal, e não o Senhor, através de seu reino.
B. Tiago comenta sobre a razão porque
não somos atendidos:
1. (4) - nossa infidelidade
para com Deus. Evidentemente, amizade aqui implica em seguir os padrões desta sociedade
corrupta. Ele não está proibindo de vermos TV, de irmos a restaurantes, de
assistirmos a partidas de futebol, de nos divertirmos em parques, etc... O
problema é quando toda e qualquer uma dessas coisas torna-se prioridade para
nós (5).
2. (6) - o texto é bem
claro: Deus resiste - não atende, vira o rosto aos soberbos, isto é, aos
arrogantes, aos orgulhosos que querem dirigir seus próprios passos, achando que
podem deixar Deus de lado.
Mas, em compensação, Deus concede graça
- responde, satisfaz, ouve e atende com carinho aos humildes. Aos que O
tem em grande estima.
O que Tiago nos ensina até aqui é que
os prazeres nos afastam de Deus, levando-nos à incoerência de querer, mas nada
dar em troca.
III. A solução para o problema: humildade (7-10):
A. Verbos que surgem para quebrar o
ritmo desastroso que levamos:
1. Resisti ai Diabo, purificai as
mãos, limpai o coração.
2. Sujeitai-vos, chegai-vos,
afligi-vos, lamentai e chorai, humilhai-vos; tudo isto ao Senhor, para que a
Seu tempo, Ele vos exalte.
B.
Deus exige de nós uma autenticidade que somente os que possuem o Espírito Santo
podem apresentar: “converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em
tristeza” (9).
Muitos quando confrontados com seus pecados, com sua
vida irregular, com sua tendência de ser amigo de Deus sem deixar de ser amigo
do mundo, riem. Brincam para esconder seus pecados e a necessidade de um
profundo arrependimento; sorriem para todos, tentando passar a impressão de que
estão bem, aliás, nunca estiveram tão bem.
Cuidado com a mão julgadora do Senhor. Jesus
Cristo diz em Lucas 6.25: “Ai de vós, os que rides! Porque haveis de
lamentar e chorar”.
O único meio de rompermos com o ritmo desastroso é
através da sujeição aos desejos do Senhor. Este é o caminho que leva a
verdadeira exaltação. Deus exige uma resposta de nossa parte.
Será
que você está precisando corrigir o curso de sua vida?
Conclusão:
Numa noite com neblina de grande intensidade,
um capitão guiava o seu grande navio pelo mar.
De repente, ele percebe uma luz. Uma
luz que se encontrava em seu caminho. Então, enviou uma mensagem, usando também
a luz, única forma visível:
- “favor mudar seu curso a 10º graus a
ocidente”.
E em seguido recebeu a resposta:
- “mude seu curso a 10º graus a
oriente”.
Indignado, o capitão valeu-se de sua
posição superior:
- “Sou capitão-de-mar com 35 anos de
experiência. Mude seu curso 10º a ocidente”.
A resposta:
- “Sou um marinheiro, 4ª classe. O
senhor mude seu curso 10º a oriente”.
Irritado, o capitão enviou uma última
resposta:
- “Sou um navio cargueiro de 50 mil
toneladas. Mude seu curso 10º a ocidente”.
A resposta:
- “Sou um farol. Mude seu curso 10º a
oriente”.
Na vida há coisas certas, onde não há
variações. Contra estas coisas não adianta lutar, pois o resultado é sempre o
mesmo para toda e qualquer pessoa.
Como o capitão-de-mar, podemos ter
necessidade de mudar nosso curso, quando nos defrontamos com a verdade. Deus é
a verdade, Ele não muda. Nós, sim, devemos ajustar nossa vida à sua vontade. Quando
o fazemos somos bem-sucedidos e felizes. Quando não, torna-se um desastre, e
não adianta querer pagar para ver, pois verá, viverá o desastre.
Cristo nos diz em João 8.32: “A verdade
vos libertará”. Quer ser livre? É só seguir a verdade.