quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Nosso maior inimigo


Por: Pastor Wagner L. Amaral

(Mensagem ministrada na 18ª Conferência de Aniversário da Mocidade Batista Regular Monte Sião - MIBREMS, Manaus-AM, no período de 25 a 27 de novembro de 2011.)




Conta-se a história de um monge que tinha o hábito de explodir em acessos de fúria e culpar seus companheiros quando as coisas davam errado. Decidiu afastar-se da causa de seus problemas e foi para um mosteiro do deserto, onde praticamente não tinha contato com outros seres humanos.

Certa manhã, após instalar-se em sua nova morada, esbarrou acidentalmente no cântaro de água e lhe derramou o conteúdo. Ficou enfurecido, mas não havia ninguém por perto a quem culpar. Encheu novamente o cântaro. Pouco tempo depois, o mesmo fato se repetiu. Num ímpeto de ira, arremessou o cântaro ao chão, fazendo-o em pedacinhos.

Depois de acalmar-se, começou a refletir e chegou à conclusão de que seu mau humor era problema dele mesmo, e não dos outros.

NOSSO MAIOR INIMIGO
Tiago 4.1-10

Este texto nos mostra o ritmo de vida que leva a uma colisão desastrosa com Deus; que dificulta nossa vida.

Neste texto o Senhor nos chama a atenção - nos puxa a orelha - mostrando a incoerência de nosso viver, quando somos negligentes em nosso proceder; porém clamamos por bênçãos que satisfaçam nossas necessidades.

É como se ele nos dissesse: “Ei, você está indo para o lado errado! Se você continuar nesta direção entrará em choque comigo. É bom você andar comigo e não contra mim”.

Observemos o que Deus nos fala, através de Tiago:

I.  A identificação do problema: O prazer invejoso (1-2):

A. A origem dos problemas (1):

A intenção do autor ao usar a expressão “guerras e contendas” é bem mais abrangente do que normalmente imaginam. Tiago tinha em mente, conforme toda a sua carta, a ideia de qualquer resultado negativo e depreciativo de relacionamentos movidos por desejos carnais. Ele parece estar mais incomodado com o espírito de inveja e amargura.

O que é interessante notar é que estes sentimentos são primeiramente solitários, chegando-se depois aos outros, como consequência de uma turbulência interna. A pessoa invejosa, amargurada, orgulhosa, possui na realidade um problema dentro dela, que é manifestado nos relacionamentos.

Qual é a fonte de tudo isso? A resposta: “os prazeres que militam na vossa carne”. O termo “prazeres” sempre quando usado nas Escrituras traz conotação negativa de prazeres pecaminosos e autoindulgentes. A vanglória, a cobiça, a sede de honra, a rivalidade, a malícia, a voracidade - dentro de nós há prazeres que nos afastam de Deus. E isto nem sempre vem do inimigo.

B. O ritmo imprimido pelos prazeres para alcançarmos nossos objetivos (2):

Se lermos, cuidadosamente, este versículo, perceberemos que ele nos apresenta um processo:

1. “Cobiçais” - e não conseguimos o que cobiçamos;

2. Como consequência, “matais e invejais” - em muitos casos a morte física é o resultado natural deste processo. Mas, Tiago, provavelmente, tem em mente não só este tipo de morte (1 Jo. 3.14-15). E mesmo matando e invejando, nada podemos obter.

3. O passo final, como num momento de desespero, “viveis a lutar e a fazer guerras” - tudo isto porque temos desejos frustrados de querer mais do que temos; de cobiçar aquilo que é dos outros; de nunca nos contentarmos com o que o Senhor nos dá. E a resposta continua a mesma: Nada tendes.

II.  O resultado do problema: A incoerência egoísta (2b-6):

A. “Nada tendes, porque não pedis” (2b):

Seguindo a leitura do texto, temos a cena: vejo Tiago escrevendo: “nada tendes, porque não pedis”, e então nos parece que ele se lembra de alguma coisa e escreve: “Ah! Pedis sim, mas não recebeis” (3). Por quê?

A razão que apresenta é que o pedido é feito de modo errado, com motivos egoístas. O erro não está nas palavras usadas, não está na hora em que se ora, muito menos se o fazemos de joelhos, em pé, assentados, deitados, etc...  mas sim, no que está em nosso coração.

Jesus Cristo havia prometido atender nossas petições (Mt. 7.7ss), mas ele tinha em mente aqueles pedidos que se concentrassem no nome, no reino e na vontade de Deus (Mt. 6.9ss); e não foi por acaso que um pouco adiante em seu sermão do monte ele afirmara (Mt. 6.31-33).

“Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres”. Isto é, o pedido está distante da vontade do Senhor para nossa vida. O pedido tem a própria pessoa como alvo principal, e não o Senhor, através de seu reino.

B. Tiago comenta sobre a razão porque não somos atendidos:

1. (4) - nossa infidelidade para com Deus. Evidentemente, amizade aqui implica em seguir os padrões desta sociedade corrupta. Ele não está proibindo de vermos TV, de irmos a restaurantes, de assistirmos a partidas de futebol, de nos divertirmos em parques, etc... O problema é quando toda e qualquer uma dessas coisas torna-se prioridade para nós (5).

2. (6) - o texto é bem claro: Deus resiste - não atende, vira o rosto aos soberbos, isto é, aos arrogantes, aos orgulhosos que querem dirigir seus próprios passos, achando que podem deixar Deus de lado.

Mas, em compensação, Deus concede graça - responde, satisfaz, ouve e atende com carinho aos humildes. Aos que O tem em grande estima.

O que Tiago nos ensina até aqui é que os prazeres nos afastam de Deus, levando-nos à incoerência de querer, mas nada dar em troca.

III.  A solução para o problema: humildade (7-10):

A. Verbos que surgem para quebrar o ritmo desastroso que levamos:

1. Resisti ai Diabo, purificai as mãos, limpai o coração.

2. Sujeitai-vos, chegai-vos, afligi-vos, lamentai e chorai, humilhai-vos; tudo isto ao Senhor, para que a Seu tempo, Ele vos exalte.

B. Deus exige de nós uma autenticidade que somente os que possuem o Espírito Santo podem apresentar: “converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza” (9).

Muitos quando confrontados com seus pecados, com sua vida irregular, com sua tendência de ser amigo de Deus sem deixar de ser amigo do mundo, riem. Brincam para esconder seus pecados e a necessidade de um profundo arrependimento; sorriem para todos, tentando passar a impressão de que estão bem, aliás, nunca estiveram tão bem.

Cuidado com a mão julgadora do Senhor. Jesus Cristo diz em Lucas 6.25: “Ai de vós, os que rides! Porque haveis de lamentar e chorar”.

O único meio de rompermos com o ritmo desastroso é através da sujeição aos desejos do Senhor. Este é o caminho que leva a verdadeira exaltação. Deus exige uma resposta de nossa parte.

Será que você está precisando corrigir o curso de sua vida?

Conclusão:

Numa noite com neblina de grande intensidade, um capitão guiava o seu grande navio pelo mar.

De repente, ele percebe uma luz. Uma luz que se encontrava em seu caminho. Então, enviou uma mensagem, usando também a luz, única forma visível:
- “favor mudar seu curso a 10º graus a ocidente”.

E em seguido recebeu a resposta:
- “mude seu curso a 10º graus a oriente”.

Indignado, o capitão valeu-se de sua posição superior:
- “Sou capitão-de-mar com 35 anos de experiência. Mude seu curso 10º a ocidente”.

A resposta:
- “Sou um marinheiro, 4ª classe. O senhor mude seu curso 10º a oriente”.

Irritado, o capitão enviou uma última resposta:
- “Sou um navio cargueiro de 50 mil toneladas. Mude seu curso 10º a ocidente”.

A resposta:
- “Sou um farol. Mude seu curso 10º a oriente”.

Na vida há coisas certas, onde não há variações. Contra estas coisas não adianta lutar, pois o resultado é sempre o mesmo para toda e qualquer pessoa.

Como o capitão-de-mar, podemos ter necessidade de mudar nosso curso, quando nos defrontamos com a verdade. Deus é a verdade, Ele não muda. Nós, sim, devemos ajustar nossa vida à sua vontade. Quando o fazemos somos bem-sucedidos e felizes. Quando não, torna-se um desastre, e não adianta querer pagar para ver, pois verá, viverá o desastre.

Cristo nos diz em João 8.32: “A verdade vos libertará”. Quer ser livre? É só seguir a verdade.


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