sábado, 4 de agosto de 2012

Estratégia para a mudança (Tiago 1.19-27)


Por: Pastor Wagner L. Amaral

(Mensagem ministrada na 18ª Conferência de Aniversário da Mocidade Batista Regular Monte Sião - MIBREMS, Manaus-AM, no período de 25 a 27 de novembro de 2011.)



Há uma mudança no caráter e na ação de todo homem salvo, transformando-o em uma pessoa sábia e segura. E Deus estabelece uma estratégia para alcançá-la. Que mudança é esta, e qual é a estratégia divina?

1. Esta mudança é uma aplicação da salvação (21).

a) Implantada em nós, com a Palavra. Algo que foi feito. Não algo inato, mas sim implantado, colocado em nós. A própria Palavra, que traz com ela o necessário para a mudança esperada.

b) Operosa, salvando nossa alma. A mudança completa não ocorre instantaneamente. A Palavra é implantada produzindo salvação, e tornando-se orientadora, assim, a ordem de acolher a Palavra não implica em ser salvo, mas sim o de aceitar seus preceitos como obrigatórios, procurando viver por eles.

2. Esta mudança é realizada de dentro para fora (26).

Tiago usa um termo que não é exclusivamente cristão, religião, que revela reverência e adoração a um deus, ou deuses, sempre apontando para atos externos de adoração; para contrastar com o verdadeiro teste de qualquer confissão religiosa: que é a mudança da alma, do pensamento, da consciência e desejo; expressada pela obediência.

Sem esta mudança toda e qualquer manifestação religiosa é vã, isto é, vazia, inútil e infrutífera. Tanto para a pessoa quanto para as outras com quem convive. O coração não pode ser enganado, pois é nele que se principia a real mudança para salvação. Onde está o teu tesouro aí estará o teu coração.

3. Esta mudança é observada em nossas ações (27).

a) O cuidado para com o próximo. O cuidado pelos órfãos e viúvas é uma ordem no AT como uma forma de imitar o cuidado do próprio Deus com as pessoas.

Órfãos e viúvas são tipos dos que se encontram desamparados no mundo. A ideia de Tiago é que o cristão que professa uma religião pura imitará seu Pai, intervindo para ajudar os desamparados.

b) O cuidado para consigo mesmo (27b). Não pensar e agir em conformidade com a normalidade deste mundo. É uma chamada à moralidade santa. Iniciada no interior e vivenciada no dia-a-dia.


Os primeiros passos da estratégia para esta mudança são: (1) Parar para ouvir (19). Estar pronto para ouvir e considerar o ponto de vista dos outros. Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso que se tenha a disposição de ouvir com o coração.  Não simplesmente a inclinação física, mas a disposição de considerar o outro.


(2) Parar de falar (19). Esta qualidade acompanha a qualidade anterior. Parar de falar mal dos outros. Parar de ser o do contra. Parar de ser o questionador, ou o santo; não por algo puro, real e necessário, mas por segundas intenções, como uma inclinação de descontentamento para com o outro. Parar de ser desagregador. Parar de ser chato, de ser ranzinza, de ser desagradável. Parar de ser e de fazer aquilo que leva a si próprio e outros a ira.

(3) Parar de se irar (19-21).

a) Primeiramente, porque nossa ira em nada afeta o julgamento de Deus (20). Permita-me confidenciar algo importante: Deus normalmente não pensa como você! Ah! Não só não pensa; como não age. Deus não julga como você. Ele, acima de nós, vê o todo, a começar pelo coração.

b) A ira indevida é “impureza e acúmulo de maldade” (21). Acúmulo de maldade sugere excesso ou abundância. Alguns entendem que o significado é o de restante da maldade; talvez, por considerarem que a carta trata sobre crentes. Porém, de uma forma ou outra, acentua a variedade e o predomínio do pecado contra o qual os cristãos devem lutar. Como diz Tiago deve despojar, isto é, tirar, se despir; não fazer parte do corpo e da alma.

Tudo isto nos mostra que a mudança, tão aguardada, tem de acontecer primeiramente eu nosso coração. Isto alarga nossa visão e persistência, pois evita que percamos tempo com coisas sem importância; e nos ensina a enxergar o próximo através do seu coração e não da aparência.

Esta mudança nos transforma em pessoas sábias, bem-sucedidas e felizes. O que é alguém bem-sucedido? É alguém que obtém sucesso em seus projetos. É alguém que chega até o fim, e isto de forma positiva, naquilo que inicia. É alguém feliz, é o bem-aventurado.

Esta mudança traz consigo uma conseqüência. Mas, uma conseqüência que está atrelada à estratégia (22). “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes”.

Nos vv.19-21 a exortação de Tiago é para “ouvirmos, isto é, fazer aquietar a nossa alma, o nosso eu, e considerarmos ao Senhor, através de Sua Palavra”. Daí as exortações de Cristo de que quem tem ouvidos para ouvir ouça o que o Espírito diz à igreja.

A partir do v.22, Tiago complementa sua exortação mostrando que este “ouvir”, este “considerar” deve ser real, não se limitando a ouvir, mas chegando ao viver, ao praticar. Pois, caso contrário, é terrível enganação: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos”. O que implica em desperdício. E isto fica bem próximo do que escrevi em um texto intitulado Rotina de crente:

Você acorda
Você se arruma
Você sai
Você chega na igreja
Você diz (várias vezes): “Oi, tudo bem?”
Você responde: “Tudo bem!” (mesmo que não esteja)

Você sorri, ou pelo menos tenta
Você ora
Você canta
Você lê a Bíblia
Você ouve pessoas e grupos cantando
Você ouve a mensagem
Você acompanha a aula

Você conversa
Você cumprimenta as pessoas
Você vai embora

Você almoça
Você descansa
Você volta para a igreja
Você passa por todo o processo acima alistado, menos acompanhar a aula

Domingo após domingo
Semana após semana

Tem melhorado seu relacionamento com o Senhor?
Tem melhorado seu relacionamento com a família?
Tem melhorado seu relacionamento com os irmãos?

Caso contrário,
Você continuará acordando
Você continuará se arrumando
Saindo
(....)
E para quê?
  
(23-25) Atente para o contraste que Tiago apresenta:

Ouvinte negligente da Palavra
Praticante da palavra que considera
Contempla a si mesmo
Contempla ao Senhor
Esquece do que ouviu
Persevera na pratica do aprendizado
É inoperante
É bem-aventurado

(25) é a mesma, a velha, a antiga, a repetida palavra do Senhor aos seus: Deuteronômio 6.24-25; Josué 1.7-8; Salmo 1.1-3; Provérbios 4.20-27; João 15.7, 10-11.

Feliz, bem-sucedido, sábio, completo, será aquele que viver aquilo que ouve do Senhor. Caso contrário, para quê ouve?  Você ouve?



Nenhum comentário:

Postar um comentário